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A ERA DA FRAGILIDADE: POR QUE ALGUNS DIRIGENTES NÃO SUPORTAM CRÍTICAS

Dirigentes que não aguentam críticas

Vivemos um momento curioso no esporte brasileiro. Nunca se falou tanto sobre transparência, profissionalismo, governança e gestão responsável, mas basta surgir uma crítica, mesmo construtiva, para alguns dirigentes reagirem como se tivessem sido atacados pessoalmente.

É como se a simples existência de questionamentos colocasse em risco seus cargos, suas narrativas e suas zonas de conforto.

E isso tem custado caro ao esporte.

Crítica legítima não é ataque, não é ofensa, não é guerra política.

Crítica legítima é:

  • apontar falhas administrativas que prejudicam atletas e equipes;
  • questionar decisões que impactam treinamentos, segurança e resultados;
  • pedir explicações quando há problemas de organização;
  • exigir responsabilidade de quem ocupa cargos de liderança.

Ou seja: é exercer controle social, algo fundamental quando se trata de entidades esportivas que lidam com recursos públicos, financiamento coletivo e a carreira de atletas profissionais.

Criticar não é ser inimigo. É ser parte ativa do ambiente esportivo.

Infelizmente, muitos dirigentes ainda confundem cargo com impunidade.

A crítica incomoda porque:

  • expõe falhas que prefeririam manter escondidas;
  • quebra o discurso de “tudo está sob controle”;
  • revela problemas que eram tratados internamente como “normais”;
  • demonstra que o público está atento e informado;
  • impede o uso da hierarquia como escudo.

Há gestores que lidam bem com isso.

Outros, porém, interpretam qualquer questionamento como uma afronta pessoal e passam a reagir como se fossem intocáveis.

Quando dirigentes se recusam a ouvir críticas, o ambiente esportivo passa a sofrer consequências graves:

  • decisões ruins se repetem;
  • erros administrativos se acumulam;
  • atletas ficam vulneráveis;
  • treinadores e clubes perdem confiança na gestão;
  • cresce o medo de falar;
  • instala-se um clima de perseguição;
  • a transparência desaparece.

E o mais irônico: quanto mais uma liderança tenta silenciar críticas, mais críticas ela atrai.

1 – Confusão entre papel institucional e vaidade pessoal

Ao invés de entenderem que representam uma entidade, alguns dirigentes se enxergam como donos dela.

E qualquer crítica à gestão vira, em suas mentes, um ataque ao seu ego.

2 – Cultura antiga de “ninguém questiona”

Durante décadas, o esporte brasileiro viveu sob uma lógica de silêncio.

Essa cultura está acabando e alguns dirigentes simplesmente não sabem lidar com isso.

3 – Falta de preparo para liderança

Liderar exige maturidade emocional.

Aceitar críticas exige segurança profissional.

E nem todo dirigente tem isso.

4 – Medo da exposição

Críticas fundamentadas iluminam problemas que prefeririam ver escondidos.
E a luz incomoda.

  • Gestões cada vez mais fechadas.
  • Atletas e profissionais trabalhando sob tensão.
  • Comunicação precária entre clubes e entidades.
  • Erros repetidos ano após ano.
  • Perda de credibilidade institucional.
  • Afastamento de pessoas qualificadas que não aceitam trabalhar em ambientes tóxicos.

Um dirigente que não aceita crítica não lidera. Ele apenas ocupa uma cadeira.

  • Profissionalizar a gestão, com regras claras de conduta e governança.
  • Aceitar que críticas fazem parte da função pública.
  • Implementar canais de diálogo, em vez de reagir com autoritarismo.
  • Incentivar a transparência, não o medo.
  • Tratar críticas como oportunidade, não como ameaça.
  • Valorizar quem denuncia falhas em vez de tentar intimidar.

Dirigentes maduros entendem: crítica construtiva é ferramenta de evolução, não de destruição.

O esporte só avança quando existe abertura para ouvir, corrigir, evoluir e melhorar.

Dirigente que não suporta crítica não está defendendo a instituição, está defendendo a própria vaidade.

E vaidade nunca construiu nada sólido.

Chegou a hora de abandonar a cultura da blindagem e abraçar a cultura da responsabilidade.

Porque quando quem lidera aceita ser cobrado, todos ganham: atletas, clubes, profissionais, entidades e o esporte brasileiro como um todo.

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André Pereira

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