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A era dos “likes vazios”: A realidade escanteada no esporte e nas redes sociais

Fake news no esporte

A internet valoriza narrativas impactantes, mesmo que desconectadas dos fatos.

Pesquisas mostram que as pessoas querem ver quem alguém realmente é no dia a dia, mas hoje quem domina o feed é mais celebrado do que quem tem conquistas reais.

No esporte, isso também acontece: posts visualmente bonitos chamam mais atenção do que resultados autênticos. Essa inversão de valores favorece a “venda” de imagens “perfeitas” em vez de trajetórias legítimas.

Nos últimos tempos, o Brasil acompanhou um caso que ilustra bem essa lógica: uma jovem ganhou projeção nacional ao afirmar que seria “a primeira astronauta brasileira” e postou fotos com uniforme da NASA.

Em pouco tempo, ela conquistou patrocínios e convites para eventos como palestrante. Mas bastou uma checagem básica para descobrir que não havia qualquer vínculo oficial com a agência espacial, nem formação científica que confirmasse sua história.

Isso mostra como o impulso por curtidas a qualquer custo pode distorcer a realidade e porque o esporte também sofre com esse problema.

No ambiente esportivo, não faltam exemplos parecidos. Já vimos atletas se apresentarem como campeões nacionais ou internacionais, sem deixar claro que esses títulos foram conquistados em categorias de base ou eventos estudantis.

Isso acontece principalmente quando a comunicação nas redes sociais omite detalhes importantes, como a faixa etária da competição, o nível do torneio ou se o evento tinha caráter oficial.

Esse tipo de omissão pode gerar engajamento rápido, mas não sustenta relações sólidas a médio e longo prazo, já que a verdade sempre acaba aparecendo com o tempo.

Também é comum encontrar perfis que divulgam, com destaque, contratos de patrocínio ou apoio como se fossem grandes conquistas, quando na verdade se tratam de parcerias pontuais, permutas ou acordos sem relevância ou extremamente desbalanceados, que são bons só para os “patrocinadores”.

Essa estratégia cria uma imagem inflada de sucesso, mas que, ao ser confrontada com a realidade, pode levar à perda de credibilidade.

Vivemos em uma sociedade que consome histórias prontas como se fossem verdades completas.

Isso favorece o surgimento de “especialistas do nada”: atletas, mentores ou palestrantes com grande presença online, mas pouca ou nenhuma experiência real, que, na verdade acabam atrapalhando o desenvolvimento das pessoas ou ambientes.

Enquanto isso, profissionais sérios, com trajetória consistente e esforço comprovado, muitas vezes ficam invisíveis por não investirem na estética das redes.

No fim, acabamos valorizando mais o “uau” do que o “como” — e quem realmente entrega resultados passa despercebido.

Para mudar esse cenário, a transparência precisa ser estimulada. Em outras áreas, como no mundo corporativo, já se sabe que o acesso claro às informações melhora decisões e gera confiança.

No esporte, é igual: quando resultados, títulos e contratos são apresentados com clareza, todos saem ganhando — atletas, profissionais, clubes, patrocinadores e fãs.

Mostrar bastidores e dar contexto às conquistas ajuda a construir uma cultura mais honesta e confiável.

É hora de reforçar o valor da autenticidade. Apoie quem tem trajetória legítima, mesmo que cheia de desafios e tropeços. Se alguém se apresenta como campeão brasileiro de uma modalidade, confirme a informação em sites oficiais antes de aplaudir.

Se busca inspiração, procure quem compartilha o caminho real — com erros, aprendizados e esforço diário. No esporte, como em qualquer área, credibilidade não se constrói com curtidas, mas com entrega real.

Construa um ambiente de confiança. Prefira o conteúdo ao impacto visual. O esporte avança quando todos valorizam a verdade e cobram mais responsabilidade nas narrativas.

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Foto: Unisanta Esportes

André Pereira

RSP Elite team

Clube atual: Universidade Santa Cecília – Santos/SP

Títulos e conquistas:

  • Atleta Olímpico – Jogos Olímpicos de 2016 – Rio de Janeiro/Brasil

Mídias Sociais:

: @andrelinharespereira